
Imaginemos uma realidade com duas dimensões paralelas e coexistentes. Uma dessas dimensões seria simplesmente aquela em que vivemos, onde existimos como nós próprios. A segunda, uma realidade alternativa na qual todos teríamos um outro eu, uma projeção num mundo sem condicionantes de qualquer ordem, uma existência quase cinematográfica num imaginário assumidamente obscuro.
Quem são as personagens que Nuno Horta cria para fotografar? E em que medida modelos e personagens podem ser um só pela imagem, num imaginário alternativo, de sonhos perturbadores?
Os trabalhos fotográficos de Nuno Horta estabelecem essa passagem. O seu olhar interpreta as pessoas que vê numa dimensão real, para depois as transfigurar. Num exercício de descoberta desse eu tenebroso, estabelece-se então uma manifestação visual de um certo apelo oculto que se aloja nos mais inacessíveis lugares da mente humana. Esta ficção artística é tão sombria quanto fulgente. A atmosfera é terrorífica, mas enigmaticamente sedutora. Onde se estabelece a fronteira?
Rua Santos Pousada, 1
4000 484 Porto, Portugal